domingo, 12 de junho de 2011

O pai dos games em nova missão


Shigeru Miyamoto criou personagens legendários da Nintendo. Agora, luta contra os gigantes Microsoft e Sony

Pop e Discreto: Shigeru Miyamoto e suas criações, Mario e o Wii U, híbrido de console e controle de jogo: “Não me comparem a Disney” 

Shigeru Miyamoto é para a Nintendo o que Steve Jobs é para a Apple. Cada produto lançado pela fabricante de games é cercado de expectativa porque traz a marca de uma personalidade inovadora. Foi assim na semana passada, quando Miyamoto apresentou o console Wii U a um público hipnotizado presente à E3, o maior evento mundial do setor, realizado em Los Angeles. Para tentar conter o avanço da Microsoft e da Sony, que ameaçam a soberania da Nintendo no segmento de consoles, Miyamoto apresentou um aparelho que oferece maior capacidade de processamento e imagens em alta resolução, o que deve agradar aos que dedicam horas e mais horas aos jogos e abrir espaço para a criação de títulos mais adultos e complexos. Além disso, o novo Wii dispensa o uso da TV: uma tela sensível ao toque de 6,2 polegadas (a do iPad tem 9,7) incrustada no próprio controle de jogo oferece um palco para a diversão.
Aos 58 anos, Miyamoto, hoje diretor de entretenimento e desenvolvimento da Nintendo, já foi chamado de “pai do game moderno”. Por causa disso, recebe a atenção de um ídolo pop em eventos como a E3. Pessoalmente, ele é discreto (veja abaixo). Essa figura avessa a badalações, que já foi comparada a Walt Disney pelo impacto na indústria do entretenimento mas rejeita a comparação com um sorriso, foi um dos grandes responsáveis pela transformação da claudicante indústria de games da década de 80 — que dali em diante se expandiu de forma extraordinária e, em 2010, movimentou 62 bilhões de dólares, quase o dobro do que fatura toda a produção de Hollywood.
Aos 24 anos, recém-formado em design, Miyamoto se aventurou num campo dominado por engenheiros. Adicionou enredo, humor e trilha sonora aos games. A simplicidade de seus desenhos e a inocência de suas histórias ecoam os primeiros anos de vida, passados em uma vila rural próxima a Kyoto. A primeira grande criação foi Donkey Kong. No jogo, o carpinteiro Jumpman tem de salvar a namorada, Pauline, das garras de um gorila. Nos Estados Unidos, o personagem foi rebatizado com o nome que o consagraria: Mario, o encanador. A franquia vendeu mais de 240 milhões de jogos. Super Mario Bros., um dos títulos da série, foi o game mais vendido da história até ser superado, em 2009, pelo Wii Sports, que também carrega o DNA do designer. Olhando em retrospectiva, Miyamoto comenta: “A história da indústria de games é como um filme. Eu me sinto parte dele”.
Miyamoto também esteve à frente da última grande inovação da Nintendo: o Wii. Lá se vão cinco anos, o produto acrescentou aos consoles um sensor que identifica os movimentos do controle nas mãos dos jogadores. Foi um sucesso estrondoso: 86 milhões de unidades vendidas, deixando para trás os concorrentes Xbox 360, da Microsoft, e PlayStation 3, da Sony, com cerca de 50 milhões de consoles comercializados cada um. Mas os rivais reagiram, adotando a tecnologia que reconhece o movimento dos próprios jogadores. Foi a morte do controle de jogo.
Pop e Discreto: Shigeru Miyamoto e suas criações, Mario e o Wii U, híbrido de console e controle de jogo: “Não me comparem a Disney” 
Esperava-se que, ao lançar o Wii U, a Nintendo adotasse essa nova tecnologia e tonificasse sua rede de jogos on-line, diminuta em relação à das rivais. Não foi o que aconteceu, e, na semana passada, as ações da empresa, que hoje vale cerca de 25 bilhões de dólares, despencaram na bolsa de valores. Miyamoto segue apostando na força de sua principal criação: “Espero que o encanador siga entretendo o público, e sendo amado por ele”. Mas se a percepção dos investidores se repetir entre usuários quando o Wii U chegar ao mercado, em 2012, a Nintendo estará mais enrascada do que Mario diante de Donkey Kong. 

Shigeru Miyamoto é para a Nintendo o que Steve Jobs é para a Apple. Cada produto lançado pela fabricante de games é cercado de expectativa porque traz a marca de uma personalidade inovadora. Foi assim na semana passada, quando Miyamoto apresentou o console Wii U a um público hipnotizado presente à E3, o maior evento mundial do setor, realizado em Los Angeles. Para tentar conter o avanço da Microsoft e da Sony, que ameaçam a soberania da Nintendo no segmento de consoles, Miyamoto apresentou um aparelho que oferece maior capacidade de processamento e imagens em alta resolução, o que deve agradar aos que dedicam horas e mais horas aos jogos e abrir espaço para a criação de títulos mais adultos e complexos. Além disso, o novo Wii dispensa o uso da TV: uma tela sensível ao toque de 6,2 polegadas (a do iPad tem 9,7) incrustada no próprio controle de jogo oferece um palco para a diversão.
Aos 58 anos, Miyamoto, hoje diretor de entretenimento e desenvolvimento da Nintendo, já foi chamado de “pai do game moderno”. Por causa disso, recebe a atenção de um ídolo pop em eventos como a E3. Pessoalmente, ele é discreto (veja abaixo). Essa figura avessa a badalações, que já foi comparada a Walt Disney pelo impacto na indústria do entretenimento mas rejeita a comparação com um sorriso, foi um dos grandes responsáveis pela transformação da claudicante indústria de games da década de 80 — que dali em diante se expandiu de forma extraordinária e, em 2010, movimentou 62 bilhões de dólares, quase o dobro do que fatura toda a produção de Hollywood.
Aos 24 anos, recém-formado em design, Miyamoto se aventurou num campo dominado por engenheiros. Adicionou enredo, humor e trilha sonora aos games. A simplicidade de seus desenhos e a inocência de suas histórias ecoam os primeiros anos de vida, passados em uma vila rural próxima a Kyoto. A primeira grande criação foi Donkey Kong. No jogo, o carpinteiro Jumpman tem de salvar a namorada, Pauline, das garras de um gorila. Nos Estados Unidos, o personagem foi rebatizado com o nome que o consagraria: Mario, o encanador. A franquia vendeu mais de 240 milhões de jogos. Super Mario Bros., um dos títulos da série, foi o game mais vendido da história até ser superado, em 2009, pelo Wii Sports, que também carrega o DNA do designer. Olhando em retrospectiva, Miyamoto comenta: “A história da indústria de games é como um filme. Eu me sinto parte dele”.
Miyamoto também esteve à frente da última grande inovação da Nintendo: o Wii. Lá se vão cinco anos, o produto acrescentou aos consoles um sensor que identifica os movimentos do controle nas mãos dos jogadores. Foi um sucesso estrondoso: 86 milhões de unidades vendidas, deixando para trás os concorrentes Xbox 360, da Microsoft, e PlayStation 3, da Sony, com cerca de 50 milhões de consoles comercializados cada um. Mas os rivais reagiram, adotando a tecnologia que reconhece o movimento dos próprios jogadores. Foi a morte do controle de jogo.
Esperava-se que, ao lançar o Wii U, a Nintendo adotasse essa nova tecnologia e tonificasse sua rede de jogos on-line, diminuta em relação à das rivais. Não foi o que aconteceu, e, na semana passada, as ações da empresa, que hoje vale cerca de 25 bilhões de dólares, despencaram na bolsa de valores. Miyamoto segue apostando na força de sua principal criação: “Espero que o encanador siga entretendo o público, e sendo amado por ele”. Mas se a percepção dos investidores se repetir entre usuários quando o Wii U chegar ao mercado, em 2012, a Nintendo estará mais enrascada do que Mario diante de Donkey Kong. 

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